De acordo com a Vigilância em Saúde, o vírus foi identificado por meio de análise laboratorial
Um macaco encontrado morto na zona rural de Paraisópolis, no Sul de Minas, estava infectado com o vírus da febre amarela. A confirmação foi divulgada nesta quarta-feira (26/3) pela prefeitura do município e reacendeu o alerta para a circulação da doença na região, a primeira do estado a registrar casos em humanos neste ano.
De acordo com a Vigilância em Saúde, o vírus foi identificado por meio de análise laboratorial. A pasta enfatiza que macacos não transmitem a febre amarela aos humanos. Eles funcionam como “sentinelas naturais”, ou seja, servem de alerta precoce da presença do vírus no ambiente.
A recomendação é que a população proteja esses animais e informe imediatamente às autoridades sanitárias caso aparentem comportamentos anormais ou estejam mortos.
A confirmação em Paraisópolis é mais um indício de que o vírus continua ativo na região. Em janeiro, o primeiro caso humano confirmado de 2025 foi registrado em Camanducaia, também no Sul de Minas. O paciente, um homem de 65 anos, teria sido contaminado no sítio onde vive, localizado próximo à Itapeva — município classificado como “área de epizootia”, por causa de ocorrências da doença em macacos.
De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), durante o atual período sazonal, que vai de junho a 2024 a julho de 2025, já foram registrados 12 episódios de epizootia. Dois deles aconteceram na mesma região da nova infecção no município de Ipuiúna. Na cidade, a istração municipal confirmou dois episódios de primatas não humanos contaminados pelo arbovírus.
Neste ano, segundo o Governo de Minas, foram registrados seis primatas não humanos (PNH) com confirmação para febre amarela, todos em municípios no Sul de Minas: Toledo, Poços de Caldas, Córrego do Bom Jesus, Estiva, Poço Fundo e Pouso Alegre.
Em 2024, foram sete confirmações em primatas não humanos. Uma das ocorrências foi em Belo Horizonte, e as demais, em municípios no Sul do estado: Bueno Brandão e Ipuiúna, com dois casos cada; Santa Rita de Caldas e Extrema, com um cada.
No início deste janeiro, a suspeita de infecção de macacos pela doença no Norte de Minas ampliou o foco de atenção para a arbovirose no estado. Na época, foram encontrados na região sete animais mortos, na zona rural dos municípios de Coração de Jesus e São João do Pacuí. No entanto, todos os exames testaram negativo para a doença.
Reforço na vacinação
A imunização é a principal ferramenta para a prevenção e o controle da febre amarela. Disponível gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS), a vacina integra o calendário de imunização em Minas desde 2008. Desde 2017, o esquema vacinal ou a adotar dose única ao longo da vida. No entanto, há uma recomendação de reforço para pessoas que receberam a primeira dose antes dos cinco anos de idade.
Diante do cenário, a Prefeitura de Paraisópolis emitiu um alerta para que a população mantenha a vacinação contra a febre amarela em dia. As doses da vacina estão disponíveis nas unidades de saúde do município. Crianças entre seis e nove meses devem ser imunizadas, desde que não tenham contraindicações médicas. Já os idosos acima de 60 anos que ainda não receberam a vacina precisarão ar por avaliação da equipe de Saúde da Família.
Em 2024, um morador de Águas de Lindóia (SP) morreu após ser infectado. Na ocasião, Monte Sião, no Sul de Minas, foi apontado como o provável local de infecção. No ano anterior, um óbito foi confirmado em Monte Santo de Minas, também em território mineiro. O paciente, um homem não vacinado, havia se deslocado para São Sebastião do Grama (SP) pouco antes de adoecer.
O que é a febre amarela
O ciclo atual da febre amarela no Brasil é silvestre. Isso significa que a transmissão ocorre em áreas de mata ou rurais, por meio de mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes. Os últimos casos de febre amarela urbana no país foram registrados em 1942. Desde então, todas as ocorrências em humanos estão relacionadas em zonas de mata ou rurais.
A aplicação está disponível em todas as Unidades Básicas de Saúde do estado, dependendo da distribuição feita pela Secretaria Estadual de Saúde aos municípios. Nos casos mais graves, a febre amarela pode provocar febre alta, icterícia, hemorragias e, em alguns casos, falência múltipla dos órgãos. A taxa de letalidade entre os pacientes que desenvolvem a forma grave da doença varia de 20% a 50%, de acordo com dados do governo federal.
Segundo dados do Ministério da Saúde, entre 2014 e 2023 foram registrados 2.304 casos de febre amarela em humanos no Brasil, com 790 mortes. Em Minas Gerais, o período mais crítico foi entre 2016 e 2018, quando o estado enfrentou surtos severos, sobretudo em regiões com cobertura vacinal abaixo da meta.
Fonte: Estado de Minas