Presidente da Associação do Leste Mineiro de Portadores de Doenças Inflamatórias Intestinais conscientiza população sobre diagnóstico e tratamento
CARATINGA- Nesta segunda-feira (19) é celebrado o Dia Mundial da Doença Inflamatória Intestinal (DII), data que marca o Maio Roxo, mês de conscientização sobre a condição. As doenças que fazem parte deste grupo são a doença de Crohn e a retocolite ulcerativa, que causam sintomas como diarreias com pus ou sangue, dor, cólicas, desconforto abdominal, e, em muitos casos, podem evoluir para complicações como desnutrição, anemia e a necessidade de múltiplas cirurgias intestinais.
As DII também podem se manifestar para além do intestino. Entre 25% e 40% dos pacientes apresentam sintomas nas articulações, pele, ossos, olhos, rins e fígado. Esses fatores afetam significativamente a qualidade de vida das pessoas acometidas. Segundo dados de um estudo publicado na revista The Lancet, a prevalência destas doenças subiu para 15% entre os anos de 2012 e 2020 no Brasil. Atualmente, estima-se que existam 100 casos a cada 100 mil habitantes no país.
Número de casos aumenta, mas diagnóstico continua lento
Apesar do aumento, o tempo de diagnóstico ainda permanece lento. De acordo com levantamento publicado na Jornada do Paciente com Doença Inflamatória Intestinal, realizado pela Associação Brasileira de Colite Ulcerativa e Doença de Crohn (ABCD), acima de 40% dos pacientes demoram mais de 12 meses para receberem o diagnóstico correto.
Não existe uma causa única para o desenvolvimento das doenças: fatores genéticos, imunológicos e alterações na microbiota intestinal podem contribuir para o desenvolvimento das DII. De olho nisso, ao longo do mês de maio, a ALEMDII – Associação do Leste Mineiro de Portadores de Doenças Inflamatórias Intestinais – produz e divulga diversas ações e conteúdos de conscientização sobre o assunto, como também capacitação para profissionais da saúde que trabalham na atenção básica no SUS.
Para Júlia Assis, fundadora e presidente da associação, além de paciente com doença de Crohn há quase 30 anos, é preciso falar mais sobre as DII: “O lema da ALEMDII é ‘nossa jornada importa’, justamente para trazer para o debate o assunto, sem tabus e sem estigma. O paciente que convive com DII sofre muito com os sintomas da doença, mas também com o preconceito. Queremos ampliar o diálogo para que o paciente não sinta vergonha da sua condição, mas que busque e tenha o a tratamento e qualidade de vida”, conta.
Júlia recebeu o diagnóstico em 1997, quando ainda era estudante de odontologia. Os sintomas iniciais incluíam muitos episódios de diarreia, que, junto com a falta de informação correta, comprometeram a sua saúde e a rotina. “Demorei meses para procurar ajuda médica por vergonha. Também evitava participar de eventos sociais, porque tinha medo de comer alguma coisa e ter de ir ao banheiro. Hoje, 28 anos depois, sei que tenho que tomar os remédios regularmente e entendo os sinais do meu corpo”.
EVENTOS
Ao longo do mês de maio, diversas atividades serão realizadas para conscientizar a população, como também os profissionais da saúde, sobre as DIIs. Entre as principais ações estão rodas de conversa com pacientes e com profissionais da atenção básica no SUS.
O objetivo é levar informação para pacientes e familiares, de forma a ajudá-los a identificar sintomas de alerta e, assim, buscarem ajuda, como também sensibilizar profissionais que estão na linha de frente no SUS para que possam saber identificar, orientar e encaminhar quando necessário.
Confira nossa agenda:
- 20/05/2025 – 19h → Roda de conversa com especialistas e pacientes – Presencial – Clínica Vivence
Vivence Talk – Encontro com especialistas para ajudar a entender, cuidar e viver melhor com DII.
- 23/05/2025 – 14h → Roda de Conversa – Estratégia da Saúde da Família – Presencial – ESF Limoeiro
Café com +Vivência com a comunidade e profissionais sobre DII
Semana de lives com especialistas e pacientes:
- 26/05/2025 – 19h30 – Online – Instagram + YouTube
Live Dra Marta Brenner Machado
- 29/05/2025 – 19h30 – Online – Instagram + YouTube
Live Dra Cristina Diestel
- 31/05/2025 – 16h – Online – Instagram + YouTube
Live Dra Raquel (Unicamp)
Saiba mais sobre as doenças inflamatórias intestinais (DII)
As doenças inflamatórias intestinais (DII) são doenças crônicas, ainda sem cura, caracterizadas por uma inflamação da mucosa do intestino, tanto do delgado quanto do grosso. Dependendo da doença, elas acometem determinado local do intestino.
A retocolite ulcerativa compromete predominantemente o cólon, enquanto a doença de Crohn pode comprometer qualquer parte do tubo digestivo, até mesmo o esôfago, o duodeno e a boca. As DII também podem acometer outros lugares fora do intestino, como articulações, olhos e pele.
Não existe uma causa única: fatores genéticos, imunológicos e alterações na microbiota intestinal podem contribuir para o desenvolvimento da doença. O tratamento engloba, além de mudanças no estilo de vida, o uso de medicações específicas para controle dos sintomas e da inflamação.
Sobre a ALEMDII
A ALEMDII (Associação do Leste Mineiro de Doenças Inflamatórias Intestinais) foi fundada em novembro de 2015 em Caratinga (MG) por pessoas com Doenças Inflamatórias Intestinais (DII) e familiares, com o principal objetivo de promover a interação e auxílio às pessoas com doença de Crohn e retocolite ulcerativa. Contamos com o apoio voluntário de profissionais da saúde especializados nesta área.
Anualmente, produzimos eventos online e presenciais para levar informação para pacientes, familiares e profissionais da saúde. Entre os principais projetos desenvolvidos pela instituição estão:
- Navegador ALEMDII – programa de capacitação de pacientes
- Congresso do Leste Mineiro de Doenças Inflamatórias Intestinais – aberto ao público em geral
- WorkDII – workshop para profissionais da atenção básica no Sistema Único de Saúde (SUS)